DIRETRIZES PARA SER UM CUIDADOR POR EXCELÊNCIA
- cuidamores15
- 2 de out. de 2021
- 5 min de leitura

Pra você, o que é cuidar?
Segundo o dicionário, é preservar, guardar, conservar, apoiar, tomar conta,Mas cuidar vai muito além disso. É oferecer o zelo, segurança e não podemos esquecer que muitos dos nossos pacientes são pessoas que em alguns casos, estão em seu final de vida. O que podemos oferecer como seres humanos? Estamos preparados para oferecer coragem? Estamos preparados para o acolhimento emocional? Estamos preparados para abraçar a dor?
O que me torna um cuidador de verdade?
Eu diria que ser um cuidador de verdade é um combo de diversas coisas. Aí entra um pacote de compaixão, empatia, acolhimento, saber ouvir, saber estar disponível, e ter disposição, entusiasmo...
Compaixão e empatia
A compaixão e a empatia são coisas que andam de mãos dadas.
A compaixão não tem apenas conotação religiosa. A compaixão é o reconhecimento de que o sofrimento existe. O sofrimento existe não pq você se coloca no lugar do outro, mas pq o outro diz que está sofrendo. E isso basta para que você aceite. A compaixão não te faz ter que estar no lugar do próximo, ela te faz reconhecer que o sofrimento existe.
Já a empatia está dentro da compaixão. É um termo que está muito em moda, agora virou uma palavra em evidência. E a empatia pode ser algo perigoso. Pelo menos para o cuidador. Porque nós nos colocamos no lugar da pessoa. Quando você se coloca no lugar do outro, você coloca o seu coração em contato com o sofrimento do outro. E o teu coração e o teu sentimento vão repousar sobre o sofrimento do outro.
A partir desse reconhecimento é que você vai realmente querer que haja alívio, você vai fazer sem esperar reconhecimento. Vai reconhecer que o sofrimento necessite de alívio.
Quando você entende isso, vai se questionar: o que está ao meu alcance para que eu possa aliviar o sofrimento do meu paciente? Isso nos fortalece como cuidador. Você sai do espaço de somente cuidador, mas também se coloca como um ser humano amoroso e acolhedor. Se reconhecer como um cuidador que sabe seus valores, faz com que você seja protagonista do projeto e exerça compaixão e empatia inclusive consigo mesma. Auto-cuidado! Colocar leveza no processo facilita muito, a ideia é que o cuidar seja leve, faz com que o resultado de cuidado seja melhor, sem raiva, peso, sem culpa, sem dor...mas haverá bondade, zelo, carinho.
Disposição e disponibilidade
Estar disponível e estar disposto são coisas completamente diferentes. Estar disponível é quando você diz: se precisar de mim, me chama. Estar à disposição.
Estar disposto é aquele que chega e fala: eu vim aqui ficar com você, não porque você precisa, mas porque eu quero. Quero estar e ser tua cia. Diz respeito a tempo. Sobre se doar...
As duas coisas são muito preciosas, mas a disposição diz respeito ao tempo e espaço que você abriu para essa pessoa, dar recurso. É intencional.
Estar disponível às vezes é só uma boa intenção. Estar disposto é se doar.
Vínculo da relação e dimensão social
Como é a qualidade da relação da relação com a pessoa que devemos cuidar?
Depende do vínculo. Pode ser um familiar, pode ser um paciente, pode ser um filho.
Fala mais sobre a nossa atuação conforme a relação. E há a possibilidade de confundirmos a questão de vínculo. Deve-se ter noção pois pode interferir na qualidade do seu trabalho. Corremos o risco de diminuir a dimensão de espaço, de dedicação e emocional. Ficar atento pois a dimensão física pode ultrapassar barreiras, esquecemos o cansaço e a atenção conosco. Preciso de suporte e de pessoas que possam me amparar para que eu consiga cuidar, pois há necessidade de socialização, desfocar do sofrimento e do cansaço. (Sair pra dançar, rir com os amigos, jantar com as amigas...)
Qual é o patamar que está o seu paciente? O paciente está em um nível superior a nós!
Quando cuidamos de alguém, há a tendência das pessoas sentirem pena. “Coitado do senhor, é câncer...”
Sentir pena, é um aspecto cruel no momento do cuidado, não podemos deixar contaminar o olhar, o toque, a fala com o sentimento de pena. Busque no seu paciente a coragem, que aliás ele tem, pois ele enfrenta um problema que nós não sabemos como enfrentaríamos e só aí já está em patamar diferenciado. Não podemos esquecer que essa pessoa está oferecendo a vida dela para que você seja um profissional que transforma, que faz a diferença no mundo. Muitas vezes é no nosso olhar que a pessoa vai se reconhecer como corajosa. Temos que ter o cuidado com o que transmitimos.
E a pena, por exemplo no caso do câncer, já vem rotulada como PERDEU A LUTA CONTRA O CÂNCER. E já vem rotulada subliminarmente como um perdedor...
Sejamos a ferramenta que leva a coragem, força e otimismo.
Dignidade do paciente
Não deve haver julgamento e condenação, deixe claro sua admiração. A pessoa está usando fralda, sonda, acamado, você deve deixar claro que ela é uma pessoa digna de aplauso, pois há muita coragem.
Deve haver respeito, prezar pela intimidade. Não expor o paciente. Não seja você que deixará lembranças ruins com relação a esses momentos, tanto pro paciente quanto familiares. Higiene, zelo, estar pronto para receber visitas, mostre que você se importa, porque essa pessoa é o amor de alguém.
Escuta e presença
Escuta e presença, elas vão se esvaindo durante a rotina. Isso é muito comum acontecer com pacientes neurológicos, porque não temos certeza de que estão nos escutando e acabamos automatizando a presença mas sem estarmos presentes.
É muito comum acharmos que o paciente neurológico não possui conexão. É comum acontecer com pacientes de ELA, que não se comunicam mas escutam e o pior, é eles saberem que não há atenção. Imagine você não poder falar e alguém simplesmente pensar: não fala, não interage. E você não receber troca, retorno. É uma forma de desprezo. Se colocar no lugar do paciente, fará toda diferença.
Esteja atento aos sinais, ambiente, necessidades, melhorias. Estar atento com a percepção do medo, orientar o paciente, isso é cuidar...
Importância de ouvir
Aprender a ouvir, é uma arte. Fazer o bem passa pela necessidade de escuta. Obvio que nem sempre será agradável. Mas saber ouvir, de coração aberto, sem julgamento é primordial. Nunca devemos tirar a esperança, sempre ser verdadeiro, com relação à forma como falamos, não esquecendo que até podemos mentir com a fala mas nunca mentimos com os olhos. Isso faz com que aumente a sensação de solidão do nosso paciente.
Seja acolhedor, ouça e mostre que você está interessado em como a pessoa está se sentindo. Escute o que ele tem para dizer, sem dar sua opinião, e quando for solicitado, diga que o admira muito e que não sabe o que dizer pois não passou pela mesma situação que ela passa. Mas mostre que está junto, com lealdade, bondade.
PARE E PENSE!
Se eu tivesse no lugar do meu paciente, como eu gostaria de ser cuidado? E se, eu gostaria de ser tratado por alguém como
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